África em Dor: Um Clamor Que Não Podemos Ignorar

A África vive hoje uma das maiores crises humanitárias de nosso tempo. Diversos países enfrentam conflitos armados, tensões étnicas, regimes opressores e instabilidade política que mergulham milhões de pessoas em situações de extrema vulnerabilidade. Diante da violência, da miséria e da falta de perspectivas, homens, mulheres e até crianças decidem abandonar suas terras em busca de uma vida mais digna — muitas vezes arriscando tudo pelo sonho de chegar à Europa.

Essas jornadas, no entanto, têm se transformado em verdadeiros caminhos de sofrimento e morte. A rota migratória africana é uma das mais perigosas do mundo. Milhares de pessoas atravessam o deserto do Saara a pé, enfrentando temperaturas escaldantes, longas distâncias e o medo constante de se perderem ou caírem nas mãos de traficantes de pessoas. Estima-se que mais de 4 mil pessoas morreram no Saara desde 2014, e outras milhares desaparecem sem deixar rastros.

Ao sobreviverem ao deserto, os migrantes ainda enfrentam a travessia do mar Mediterrâneo — uma rota marcada por tragédias. Em 2023, mais de 3.100 pessoas morreram ou desapareceram tentando cruzar o mar rumo à Europa. E os números continuam crescendo. Em 2024, já são mais de 5.000 mortes registradas em rotas africanas e marítimas. Um exemplo marcante aconteceu em julho de 2024, quando uma embarcação que partiu da Mauritânia naufragou, deixando mais de 200 desaparecidos. Nas últimas semanas, dois barcos que saíram clandestinamente da Líbia afundaram.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) alerta que, nos últimos anos, o número de mortos no deserto do Saara pode ser até o dobro dos que morrem no mar — uma tragédia silenciosa, longe dos holofotes, mas profundamente devastadora.

Essa situação nos desafia como Igreja. Não podemos ignorar o sofrimento de nossos irmãos e irmãs no continente africano. Como seguidores de Cristo, somos chamados à compaixão, à empatia e à intercessão.

Um Clamor para o povo de Deus

Diante dessa realidade, convidamos você, sua igreja, a se colocar na brecha em oração. Oremos pelas famílias que estão sendo desestruturadas, por aqueles que arriscam tudo em busca de uma nova chance de vida, por aqueles que choram seus mortos e pelos que ainda estão em rota, sem saber o que os espera.

Oremos também pelas autoridades dos países envolvidos — tanto de onde partem os migrantes quanto de onde transitam ou tentam chegar. Que os governantes sejam instrumentos da graça de Deus, promovendo políticas justas, acolhedoras e voltadas à dignidade humana.

E, acima de tudo, oremos para que Jesus seja revelado como a única fonte de esperança verdadeira. Que mesmo em meio à dor e à incerteza, muitos possam encontrar consolo, direção e salvação n’Aquele que venceu a morte e prometeu estar conosco até o fim.

“O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido.” (Salmos 34:18)

Que esta seja uma oração constante em nossos lares, cultos e reuniões. Que a Igreja de Cristo não se cale diante do sofrimento da África. O tempo de interceder é agora.

Esperança além do deserto

Semana passada tivemos a alegria de receber em nossa casa uma moça de Serra Leoa, um país africano, na parte ocidental, um pouco abaixo do Senegal. A conhecemos na rua, mendigando e ela pode enfim vir à nossa casa.

Sua trajetória não é fácil. Saiu de seu país, chegando aonde moramos, com o sonho de atravessar o Mediterrâneo e parar na Europa. Pelo que vimos no mapa, é um trajeto de um pouco mais de 5000 quilômetros, atravessando o deserto do Saara.  Este, por sinal, é o trajeto de muitos africanos. São movidos pelo sonho de uma vida melhor, mesmo atravessando dificuldades inimagináveis.

Essa moça nos disse que viu muitas pessoas sucumbindo no Saara. Infelizmente, ela foi violentada por uma outra pessoa e está esperando por um bebê que vai nascer daqui a dois meses. Se eles conseguem ”vencer o Saara”, precisarão vencer as fronteiras e possíveis controles que podem encontrar no caminho. E geralmente estes controles não são amigáveis e os forçam, com armas na direção de suas cabeças, à retornarem para o nada, para o deserto.

A mãe, um deserto e Jesus…

Há muito tempo atrás uma mãe, desesperada, sai em direção ao deserto com seu filho. Quando a água acaba, sua esperança também. A aflição é tão grande que ela coloca seu filho longe dela para não vê-lo morrer. Mas a Voz do Alto vem ao seu encontro, mostrando um poço, uma esperança para o seu futuro.

Hoje esse divino encontro ainda continua acontecendo. Existem inúmeras ”Agares” que atravessam inúmeros tipos de desertos na esperança de que encontrarão a Água que necessitam, essa que jorra e nunca acaba. Hoje nós somos representantes da Voz, ecoando do céu a direção que essas pessoas devem tomar.

Ore por esses encontros divinos. Ore para que dos céus destilem orvalho e que sobre nós chova justiça. Ore para que a salvação brote nos corações!